sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Dinovania

Este é o seu nome....36 anos. Internada no hospital desde primeiro de janeiro de 2011. Diagnóstico: RNC a/e, rebaixamento nivel de consciência a esclarecer...estranho diagnóstico. Catatônica, afágica, sem movimentos....
A paciente teve duas filhas. Uma nasceu morta há doze anos atrás. A outra tem dois anos e meio.
Os sintomas começaram quando nasceu a ultima filha. A bebê  teve ectiricia e precisou ficar mais no hospital. A mãe teve alta e a bebê ficou retida. A mãe surtou...Desesperada fez um escândalo..."Não saio sem minha filha" O nivel de agressividade foi tamanha que foi necessário contê-la. Neurose de conversão?
Precisou da familia, dois dias depois encaminhada ao psiquiatra por alteração de comportamento.
Mesmo assim Dinovania amamentou. Durante os primeiros seis meses foi bem. Depois começaram a aparecer os primeiros sintomas. Sua voz não saia, seus movimentos foram cada vez mais lentificados, até a perda total dos movimentos.
Investigando sua história de vida, descobri que sua mãe morreu aos 41 anos com a mesma doença. que foi descoberta nos 7 ultimos anos de sua vida.  Na Bahia não souberam diagnosticar que tipo de doença era aquela. Possui cinco irmãos, um deles com 41 anos, mora na Bahia com o pai, há doze anos tem a doença.
O que difere a doença da paciente com a da sua mãe e do seu irmão, é que eles não tinham a agressividade que Dinovania tem. Inapetente, catatônica, apenas olha, expressa seu desconforto no olhar. Seus olhos grandes esverdeados expressam a dor. Sua boa...dentes podres.
A irmã agradece a atenção e torce para que se descubra o que sua irmã tem.
Se coloca à disposição para dúvidas, preocupada com seu prognostico, relata passo a passo sua via sacra nestes ultimos anos. Passou por dois neurologistas, que como não constava nada na tomografia, deram alta.
Depois passou por um clinico geral e cardiologista, sugestionou que fosse esclerose multipla. Ministrou um ano com interferom...sem sucesso!
Acompanhada pela psiquiatra da UBS desde o inicio,  suspendeu o diazepan pois achou seu quadro bem deprimente.
Dinovania expressa dor.
A familia espera por um milagre.
A filha talvez nem venha conhecer a mãe.
A mesma mãe que não aceitou ir embora da maternidade sem sua filha no colo...hoje passa por esta experiência, resignando-se a força.
Aguardando a medicina um parecer mais favorável.
Ao atendê-la toquei em seus braços, mãos e pés retorcidos, estática, o olhar firme, expressivo, com desejo de ser entendida. Orientei que relaxasse, soltasse seus musculos, ela compreendia, o que não correspondia era seu cerebro. O danado que coordena o resto.
Nem uma palavra, a comunicação era não verbal. Eram seus olhos expressando desespero. Inconformismo....grunhia, como falasse de sua dor.

Os pensamentos

"Os pensamentos vivem, se movem e agem, passando de uma mente para outra com enorme facilidade, em busca de pontos de afinidade"